Constante natureza



E fica o outono nas caídas flores,
de rosa a rosa, na triste espera.
Passando o inverno, vêem-se a primavera,
cobrir os campos de lindas cores.

O vento que sopra no mar,
gritando o assobio da natureza
e em nublado céu - Sua beleza...
da chuva que vem a derramar.

Embora vai o sol que tanto arde,
no cair da noite, a beleza muda.
Entre sombras e solidão profunda,
que logo chega no final de uma tarde.

Tudo se repete a cada dia,
e nada do que muda vai embora...
Nem mesmo um pássaro que chora,
cantando a mesma infinita melodia.

Onde não pertenço...



Inutilizáveis correntes que carrego,
presas em meus pulsos de memórias,
vivas em instantes, matando-me, não nego!
O que já não tenho vivo em poucas glórias.

Enterro minhas lembranças de tormento,
no vago espaço de minha alma,
entres caídas flores e pura calma...
O vazio se torna meu contentamento.

Revoadas de escuridão,
entre tantos pensamentos,
misturando-me , em tanta solidão,
que limita meu sentir de tanto sofrimento.

Suspiros quebram o silencio intenso,
em cada nebulosa noite fria...
Queria tanto, achar-me onde merecia,
mas me encontro onde não pertenço.